A meditação é um portal precioso
para o conhecimento e a percepção de nossos processos mentais. Observamos o
movimento da mente e o cessar das oscilações. Tornamo-nos a mente. Fazemos
escolhas adequadas. Sem ferir e sem nos ferirmos. Abrimos os portais de
percepção superior.
"A meditação é um estado natural
da mente, ao qual se chega sem esforço da vontade. Podemos estabelecer uma nova
relação entre a periferia da mente, onde ocorrem as distrações, e o centro
focal da mente. A nova relação é um prestar atenção total às distrações da
mente, perceber seu movimento do centro para a periferia e deste para o centro,
sem conflitos, sem esforço. Nesse estado há um total relaxamento da mente.
Quando não há resistência à mente e aos seus conteúdos (ou seja, pensamentos),
estes se esgotam por si mesmos. Não é possível esvaziar a mente; a mente
esvazia-se a si mesma." (Professor Hermógenes)
"A mente é a causa da escravidão,
mas também da emancipação do homem. Quando se prende ao mundo subjetivo é a
causa do sofrimento e da escravidão. Quando se liberta das amarras subjetivas o
praticante atinge a emancipação. Os yogis alcançam o sucesso observando,
através da mente, a mente interior, a consciência, que é independente da mente
periférica. Desta maneira, controlando a mente, o yogi atravessa calmamente o
mundo-oceano e atinge o estado supremo." (Mantra Yoga Samhitá)
"Você não pode meditar a partir de
um ponto de tensão. A meditação é a final olímpica do yoga. Todas as fases
anteriores do yoga têm servido para treiná-lo para chegar aqui. A meditação não
é sonolência ou torpor. A meditação é sattvica
- luminosa, consciente. É o silenciar dos movimentos da consciência. Traz o
mar turbulento à um estado de tranquilidade, uma tranquilidade profunda, com
todo o potencial de criação. O yogue vai do mundo material, que é alegre ou
doloroso, de volta ao ponto de quietude antes do mar estar turbulento. No nível
mais alto da meditação, o cosmos respira você. Você está passiva. Não há ego,
não há eu. É como se o Criador está expressando-se através de você. Sem
passado, sem futuro. Apenas presença." (B.K.S. Iyengar)
Dos Yoga Sutras de Patanjali (primeiro sistematizador do yoga)
1.2 O yoga é o recolhimento dos meios de expressão
(vrittis) da mente.
(Vrittis, que chamamos aqui de “meios de expressão”, podem
ser descritos como os desdobramentos materiais da mente. Quando estão vinculados
ao mundo manifestado, criam a consciência e a ilusão de separatividade, trazendo
para nós a idéia de que observador e objeto observado são entidades distintas.
Quando são “recolhidos” levam a consciência à percepção de átman (Eu superior/alma) nos objetos observados, o
que elimina qualquer possibilidade de separatividade, destruindo desta forma a raiz
de todo sofrimento.)
2.3 Falta de sabedoria, egoidade, desejo, aversão
e apego à vida são as perturbações.
2.10 [Essas perturbações,]
quando se tornam sutis, são destruídas. [sua existência só faz sentido e só é
possível no mundo grosseiro e material].
2.11 Dhyána (meditação) destrói as manifestações
[vrittis] [dessas aflições]. [Dhyana devolve ao praticante a sabedoria,
destruindo o único campo em que as aflições podem se desenvolver].
2.28 Com a destruição da impureza pela prática
gradual dos componentes do Yoga, a luz do conhecimento [jnana] ilumina o
discernimento.
2.29. Normas de convivência [yama], normas de
auto-aperfeiçoamento [niyama], posturas de assentamento [ásanas], práticas de
controle das forças sutis [práñáyama], recolhimento [pratyáhára], concentração
[dharaña], meditação [dhyána] e superação de si mesmo [Samádhi] são as oito partes
do Yoga.
3.1 Concentração [Dhárañá] é a fixação da mente em
um objeto.
3.2 Meditação [Dhyána] é a continuidade da
cognição nesse único objeto.
3.3 Samádhi é perceber-se como a própria medida
do objeto, esvaziando-se de sua própria forma.
3.4 Estes três passos reunidos são o Samyama
(meditação intensa).
A meditação então é a integração (ou união) da mente
do yogue ao objeto de sua meditação.
E por benefícios fisiológicos da meditação, umas informações retiradas do site: http://boa-yoga.com/meditar/
meditação. [Do lat. meditatione] S.
f. 1. Ato ou efeito de meditar;
concentração intensa do espírito; reflexão. 2. Oração mental, que consiste sobretudo em
considerações e processos mentais discursivos, e que se opões à
contemplação.
Mesmo quem nunca experimentou já ouviu falar nos
benefícios obtidos pela prática da meditação. Além da calma e relaxamento, quem
medita há muito tempo alcança um controle da mente que possibilita escapar a
pensamentos obsessivos e negativos, no que poderíamos chamar de
“transcendência”.
Com o objetivo de descobrir qual o segredo
“fisiológico” por trás de tão boas sensações promovidas pela técnica, e
motivados pela idéia de aproveitá-la como aliada em alguns tratamentos, os
neurocientistas têm se debruçado cada vez mais nos estudos sobre a
meditação.
O que a pesquisa nesta área mostra é que a
meditação de fato diminui a ansiedade, a depressão, a raiva e a fadiga, e
melhora a atenção. Os praticantes de meditação parecem ter maior habilidade em
cultivar emoções positivas e de deter a instabilidade emocional, evitando
pensamentos ruminantes que podem, por sua vez, aumentar a ansiedade e a
depressão. Alguns estudos indicam até mesmo um fortalecimento do sistema
imunológico.
Além do “domínio mental”, o controle da
respiração é fundamental para a prática da meditação, e parece ser obtido pela
ativação sistema nervoso parassimpático, o que produz sensação de relaxamento e
de quiescência profunda. Esta calmaria parece ser reforçada pela redução da
produção do cortisol, hormônio ligado ao estresse.
Outros hormônios que se mostram sensíveis à
prática da meditação são a arginina vasopressina (AVP) e a beta-endorfina
(Deshmuskh, 2006). O aumento da liberação de AVP tem sido associado à manutenção
de um efeito positivo, com a diminuição da percepção da fadiga, e à facilitação
da consolidação de novas memórias, enquanto se atribui ao aumento de
beta-endorfina uma menor percepção de dor e medo, e sensações de alegria e
euforia. Os níveis de serotonina parecem ser moderadamente afetados durante a
meditação, sendo que o aumento deste neurotransmissor, que tem efeito sedativo e
calmante, também se correlaciona com um efeito positivo da técnica – assim como
acontece com os inibidores de recaptação de serotonina, que aumentam o tempo que
a serotonina pode atuar produzindo seus efeitos e fazem parte do tratamento
farmacológico da depressão. Ao que tudo indica, portanto, deve haver benefícios
em combinar a meditação consciente e intervenções de terapia cognitiva no
tratamento da depressão crônica ou recorrente em comparação com o tratamento
convencional.
Dados reunidos por Deshmukh, num artigo de 2006,
mostram ainda que áreas como hipocampo, lobo temporal e o córtex parietal estão
mais ativas no cérebro de praticantes da meditação, em comparação com os
não-praticantes, durante testes que avaliam a atenção.
Um estudo de Brefczynski-Lewis e colaboradores
feito em 2007 com pessoas com que meditavam há mais horas, em comparação com
indivíduos que meditavam há menos tempo e com aqueles que meditaram apenas uma
semana antes dos testes comportamentais, indica que o tempo de prática também
influencia nos resultados obtidos. Os praticantes em nível médio tiveram maior
ativação das áreas que controlam a atenção do que os novatos. Já os experts tiveram menor ativação destas áreas,
indicando uma menor necessidade de recrutamento das redes neuronais para manter
o mesmo nível de atenção.
Quando desafiados com um som para distrair a
atenção, os praticantes experientes, em relação aos novatos, tiveram menor
ativação em áreas relacionadas ao pensamento discursivo e às emoções, e maior em
regiões relacionadas à atenção e à inibição da resposta. Parece haver uma
otimização dos circuitos neuronais, resultando num estado mental menos ativo
cognitivamente, mais quieto.
Vale lembrar que estes benefícios não são
atingidos “da noite para o dia”. O grupo de experts acumulava mais de 44.000 horas de
meditação, o que equivale a mais ou menos 4 doutorados – 16 anos – com dedicação
diária de 8 horas do seu dia. O grupo de expertise média, em comparação, teria
em sua bagagem 3 “mestrados” em meditação, somando 19.000 horas de
prática.
Dá trabalho. Mas, neste ponto, imagino que até os
mais céticos estejam entoando o ommmmmm…
BOA PRATICA! NAMASTE.