terça-feira, 17 de setembro de 2013

DHYANA - A MEDITAÇÃO




A meditação é um portal precioso para o conhecimento e a percepção de nossos processos mentais. Observamos o movimento da mente e o cessar das oscilações. Tornamo-nos a mente. Fazemos escolhas adequadas. Sem ferir e sem nos ferirmos. Abrimos os portais de percepção superior.

"A meditação é um estado natural da mente, ao qual se chega sem esforço da vontade. Podemos estabelecer uma nova relação entre a periferia da mente, onde ocorrem as distrações, e o centro focal da mente. A nova relação é um prestar atenção total às distrações da mente, perceber seu movimento do centro para a periferia e deste para o centro, sem conflitos, sem esforço. Nesse estado há um total relaxamento da mente. Quando não há resistência à mente e aos seus conteúdos (ou seja, pensamentos), estes se esgotam por si mesmos. Não é possível esvaziar a mente; a mente esvazia-se a si mesma." (Professor Hermógenes)

"A mente é a causa da escravidão, mas também da emancipação do homem. Quando se prende ao mundo subjetivo é a causa do sofrimento e da escravidão. Quando se liberta das amarras subjetivas o praticante atinge a emancipação. Os yogis alcançam o sucesso observando, através da mente, a mente interior, a consciência, que é independente da mente periférica. Desta maneira, controlando a mente, o yogi atravessa calmamente o mundo-oceano e atinge o estado supremo." (Mantra Yoga Samhitá)

"Você não pode meditar a partir de um ponto de tensão. A meditação é a final olímpica do yoga. Todas as fases anteriores do yoga têm servido para treiná-lo para chegar aqui. A meditação não é sonolência ou torpor. A meditação é sattvica - luminosa, consciente. É o silenciar dos movimentos da consciência. Traz o mar turbulento à um estado de tranquilidade, uma tranquilidade profunda, com todo o potencial de criação. O yogue vai do mundo material, que é alegre ou doloroso, de volta ao ponto de quietude antes do mar estar turbulento. No nível mais alto da meditação, o cosmos respira você. Você está passiva. Não há ego, não há eu. É como se o Criador está expressando-se através de você. Sem passado, sem futuro. Apenas presença." (B.K.S. Iyengar)

Dos Yoga Sutras de Patanjali (primeiro sistematizador do yoga)

1.2  O yoga é o recolhimento dos meios de expressão (vrittis) da mente.
(Vrittis, que chamamos aqui de “meios de expressão”, podem ser descritos como os desdobramentos materiais da mente. Quando estão vinculados ao mundo manifestado, criam a consciência e a ilusão de separatividade, trazendo para nós a idéia de que observador e objeto observado são entidades distintas. Quando são “recolhidos” levam a consciência à percepção de átman (Eu superior/alma) nos objetos observados, o que elimina qualquer possibilidade de separatividade, destruindo desta forma a raiz de todo sofrimento.)

2.3  Falta de sabedoria, egoidade, desejo, aversão e apego à vida são as perturbações.

2.10  [Essas perturbações,] quando se tornam sutis, são destruídas. [sua existência só faz sentido e só é possível no mundo grosseiro e material].

2.11  Dhyána (meditação) destrói as manifestações [vrittis] [dessas aflições]. [Dhyana devolve ao praticante a sabedoria, destruindo o único campo em que as aflições podem se desenvolver].

2.28  Com a destruição da impureza pela prática gradual dos componentes do Yoga, a luz do conhecimento [jnana] ilumina o discernimento.

2.29.  Normas de convivência [yama], normas de auto-aperfeiçoamento [niyama], posturas de assentamento [ásanas], práticas de controle das forças sutis [práñáyama], recolhimento [pratyáhára], concentração [dharaña], meditação [dhyána] e superação de si mesmo [Samádhi] são as oito partes do Yoga.

3.1  Concentração [Dhárañá] é a fixação da mente em um objeto.

3.2  Meditação [Dhyána] é a continuidade da cognição nesse único objeto.

3.3  Samádhi é perceber-se como a própria medida do objeto, esvaziando-se de sua própria forma.

3.4  Estes três passos reunidos são o Samyama (meditação intensa).

A meditação então é a integração (ou união) da mente do yogue ao objeto de sua meditação.

E por benefícios fisiológicos da meditação, umas informações retiradas do site: http://boa-yoga.com/meditar/


meditação. [Do lat. meditationeS. f. 1. Ato ou efeito de meditar; concentração intensa do espírito; reflexão. 2. Oração mental, que consiste sobretudo em considerações e processos mentais discursivos, e que se opões à contemplação.

Mesmo quem nunca experimentou já ouviu falar nos benefícios obtidos pela prática da meditação. Além da calma e relaxamento, quem medita há muito tempo alcança um controle da mente que possibilita escapar a pensamentos obsessivos e negativos, no que poderíamos chamar de “transcendência”.

Com o objetivo de descobrir qual o segredo “fisiológico” por trás de tão boas sensações promovidas pela técnica, e motivados pela idéia de aproveitá-la como aliada em alguns tratamentos, os neurocientistas têm se debruçado cada vez mais nos estudos sobre a meditação.

O que a pesquisa nesta área mostra é que a meditação de fato diminui a ansiedade, a depressão, a raiva e a fadiga, e melhora a atenção. Os praticantes de meditação parecem ter maior habilidade em cultivar emoções positivas e de deter a instabilidade emocional, evitando pensamentos ruminantes que podem, por sua vez, aumentar a ansiedade e a depressão. Alguns estudos indicam até mesmo um fortalecimento do sistema imunológico.

Além do “domínio mental”, o controle da respiração é fundamental para a prática da meditação, e parece ser obtido pela ativação sistema nervoso parassimpático, o que produz sensação de relaxamento e de quiescência profunda. Esta calmaria parece ser reforçada pela redução da produção do cortisol, hormônio ligado ao estresse.

Outros hormônios que se mostram sensíveis à prática da meditação são a arginina vasopressina (AVP) e a beta-endorfina (Deshmuskh, 2006). O aumento da liberação de AVP tem sido associado à manutenção de um efeito positivo, com a diminuição da percepção da fadiga, e à facilitação da consolidação de novas memórias, enquanto se atribui ao aumento de beta-endorfina uma menor percepção de dor e medo, e sensações de alegria e euforia. Os níveis de serotonina parecem ser moderadamente afetados durante a meditação, sendo que o aumento deste neurotransmissor, que tem efeito sedativo e calmante, também se correlaciona com um efeito positivo da técnica – assim como acontece com os inibidores de recaptação de serotonina, que aumentam o tempo que a serotonina pode atuar produzindo seus efeitos e fazem parte do tratamento farmacológico da depressão. Ao que tudo indica, portanto, deve haver benefícios em combinar a meditação consciente e intervenções de terapia cognitiva no tratamento da depressão crônica ou recorrente em comparação com o tratamento convencional.

Dados reunidos por Deshmukh, num artigo de 2006, mostram ainda que áreas como hipocampo, lobo temporal e o córtex parietal estão mais ativas no cérebro de praticantes da meditação, em comparação com os não-praticantes, durante testes que avaliam a atenção.

Um estudo de Brefczynski-Lewis e colaboradores feito em 2007 com pessoas com que meditavam há mais horas, em comparação com indivíduos que meditavam há menos tempo e com aqueles que meditaram apenas uma semana antes dos testes comportamentais, indica que o tempo de prática também influencia nos resultados obtidos. Os praticantes em nível médio tiveram maior ativação das áreas que controlam a atenção do que os novatos. Já os experts tiveram menor ativação destas áreas, indicando uma menor necessidade de recrutamento das redes neuronais para manter o mesmo nível de atenção.

Quando desafiados com um som para distrair a atenção, os praticantes experientes, em relação aos novatos, tiveram menor ativação em áreas relacionadas ao pensamento discursivo e às emoções, e maior em regiões relacionadas à atenção e à inibição da resposta. Parece haver uma otimização dos circuitos neuronais, resultando num estado mental menos ativo cognitivamente, mais quieto.

Vale lembrar que estes benefícios não são atingidos “da noite para o dia”. O grupo de experts acumulava mais de 44.000 horas de meditação, o que equivale a mais ou menos 4 doutorados – 16 anos – com dedicação diária de 8 horas do seu dia. O grupo de expertise média, em comparação, teria em sua bagagem 3 “mestrados” em meditação, somando 19.000 horas de prática.

Dá trabalho. Mas, neste ponto, imagino que até os mais céticos estejam entoando o ommmmmm…

BOA PRATICA! NAMASTE.