sexta-feira, 29 de agosto de 2014

AHIMSA


Ultimamente tenho refletido no ensinamento yoguico de ahimsa.

Ahimsa quer dizer não violência. É a primeira conduta ética do yoga e a base para prática toda.

Para mim, além da não violência, ahimsa é o amor, o grande amor divino que está dentro de todos nós, o despertar do coração, como diz o grande mestre Sri Prem Baba.

O dharma do ser humano é amar!

O primeiro passo é acabar com a violência interna, com o auto julgamento, a culpa, a preocupação, e viver no presente, no aqui e agora. Quando se consegue acabar com a violência interna, naturalmente diminuem os hábitos que criam a violência externa, inclusive contra os animais.

Tem muitos tipos de violência, mas no fim das contas, são todos uma violência só. Claro que tem a violência ativa, concreta, mas tem também a violência passiva, quando a gente machuca os outros, mesmo de um jeito sutil.

O principio da não violência consiste em evitar a crueldade e a agressividade nos pensamentos, palavras e ações. É criar harmonia entre essas camadas do ser e levar uma vida com integridade. É harmonia com a vida e a natureza. É sentir amor para com os outros e para com si mesmo, ou seja, pensar, falar e fazer com amor, sem machucar ninguém.

Se for puro e vier do coração, ahimsa nos liberta.

Sri Prem Baba diz: Ahimsa é o remédio que esse planeta precisa. A compaixão é o remédio e ahimsa é compaixão. Mas, esse conceito precisa ser melhor compreendido. Ahimsa não é cruzar os braços e ficar esperando que as coisas acontecam. Ahimsa, muitas vezes, envolve ação, atitude. Mas, é uma ação que nasce do coração – é espontânea e sempre vem com sabedoria e compaixão. Nao é o ódio ou o medo que está se manifestando.

No Yoga Sutra 2.35, Patanjali explica que quando o praticante de yoga se estabelece em ahimsa, ou seja, quando tem uma atitude interna de não violência, outras pessoas a seu redor abandonam agressão e hostilidade. É um processo natural, automático. A vibraçãao de não-violência acaba influenciando os outros.

O praticante de yoga deve observar o ahimsa no seu dia a dia e nas aulas, não sendo violento com o corpo, não ultrapassando seus limites e respeitando suas possibilidades. Deve sempre ter intenções boas e evitar o julgamento e o preconceito.

Ahimsa quer dizer também não criticar, nem mesmo as pessoas violentas, eliminar todo julgamento mesmo.

No Yoga Sutra 2.34, Patanjali diz que devemos cultivar o oposto das nossas atitudes negativas para ter resultados positivos. Por exemplo, no caso de ahimsa, você pode sentir a vontade de machucar ou criticar o outro, mas deve se lembrar que tal pensamento ou ação só cria sofrimento. Então o melhor a fazer é não se deixar levar por esses pensamentos ruins e pensar em algo positivo que poderia estar modificando a situação.

Tente usar teus dons e talentos pra promover ahimsa. Concentre-se de dentro pra fora. Libere-se de violência e crueldade e expanda a tua consciência permitindo que o amor possa fluir em você e ao seu redor.

Ahimsa me lembra também outro ensinamento yoguico de amor, mudita. É a habilidade de sentir alegria com a boa sorte ou boas ações dos outros.

No Yoga Sutra 1.33, Patanjali nos aconselha a ter alegria na virtude de outros como uma maneira de desenvolver e manter a calma da mente. O fato é que o maior obstáculo para sentir alegria é a negatividade que mantemos em relação a nos mesmos. Quando você se julga, compara-se a outros ou inveja os outros, perpetua um sentimento de solidão e deficiência. O espírito de mudita afirma que você merece ser feliz simplesmente porque voce é.

Então o primeiro passo é acabar com a violência interna e sentir o amor no teu coracao!

Feche teus olhos, inspire e expire lentamente, e deixe o teu peito abrir. Sinta o coração expandir com amor divino, com luz rosa...

Que o ahimsa possa se desenvolver em nós todos. Namastê!.

domingo, 24 de agosto de 2014

Yogacharya BKS Iyengar


"Estou velho, e a morte se aproxima inevitavelmente. Mas tanto o nascimento quanto a morte estão além da vontade de um ser humano. Eles não são o meu domínio. Eu não penso nisso. Yoga me ensinou apenas a trabalhar para viver uma vida útil." (Do “Luz na Vida”)


BKS Iyengar faleceu às 03h15 em Pune, na Índia, em 20 de agosto de 2014.
Ele deixa em seu rastro um notável legado de milhares de professores, incluindo seus próprios filhos Geeta Iyengar e Prashant Iyengar e sua neta, Abhijata.

“Quando eu pratico, sou um filósofo. Quando eu ensino, sou um cientista. Quando eu demonstro, sou um artista. – BKS Iyengar”

Desde sua juventude, dedicou sua vida à prática e ao ensino do Yoga. Reconhecido mundialmente como "Maestro do Yoga", suas obras foram traduzidas para vários idiomas, tornaram-se referências indiscutíveis para todo praticante de Yoga.

Através da sua imensa capacidade intelectual e espiritual, B.K.S. Iyengar criou a técnica e os princípios que subjazem à tão conhecida variante de yoga, o Iyengar yoga. A modalidade tem como objectivo essencial aproximar a prática de yoga de qualquer humano, ainda que tenha especiais dificuldades no exercício físico.

Na sua infância, B.K.S. Iyengar foi vítima de malária, tuberculose e febre tifóide. Foi introduzido ao Yoga com 16 anos pelo seu GuruSri T. Krishnamacharya e aos 18 anos foi enviado para Pune, Maharashtra para ensinar yoga uma vez que tinha alguns conhecimentos de inglês. Ao longo dos anos a sua prática e experiência entusiasmou diversos praticantes e deixou um amplo acervo de sua obra.

"_ Eu acho, mesmo, que o Iyengar Yoga não é para todo mundo. (Mas concordo que o yoga é para todos!) Iyengar Yoga é para aquele tipo de pessoa que se compraz em ver, analisar, avaliar, que enxerga nos detalhes o alento da vida, que vê nas minúcias as flores do caminho." (Luz da Vida)

Grande mestre que eu admiro e tive a honra de conhecer na Índia em 2008.
Respeito e Gratidão!